O Museu do Côa vale a visita. Para mim, apenas a visita ao
museu – o edifício, a obra arquitectónica - já teria valido os 400 Km (mais o
regresso).
A chegada ao museu é memorável. Verdadeira peça de land art - enquadrado – disfarçado - na paisagem, junto à foz do
Coa, por cima do Douro, ele apenas se revela já muito perto. O museu é uma peça
única de arquitectura – diz o leigo que eu sou, impressionado que fiquei desde
o primeiro momento, desde o acesso principal ao museu, uma rampa que se
estreita em funil, desembocando na sala de recepção, por onde se pode seguir para
o museu ou para o restaurante no piso inferior.
Com projecto arquitectónico de Tiago Pimentel e Camilo
Rebelo, o museu é inteiramente dedicado às gravuras, com muito material
informativo sobre a ocupação humana da região, reproduções das gravuras,
ilustração histórica e algumas pequenas pedras de xisto gravadas, retiradas das
escavações. Mas se a visita ao museu não substitui a visita às gravuras, o
edifício é ele mesmo impressionante. Anguloso, provocador, a solução da pedra
exterior, aliás cimento moldado em pedras de xisto, reconhecendo as
irregularidades do xisto, é genial.
A vista do restaurante para as escarpas áridas do Douro, onde
a quietude da paisagem apenas cortada pelo ruído das cigarras (no verão,
obviamente) envolve os visitantes (e mastigantes), é inesquecível. Não
almoçámos no restaurante do Museu, mas pareceu-nos uma hipótese a considerar em
futura visita, pela comida, nos disseram, mas pela vista, com certeza. A título
informativo: o preço da refeição com facilidade ultrapassa os 25€.
Perdido no meio do nada, o museu é uma peça artística única.
Deixo os pormenores para os especialistas, com a minha insistência de que apenas a visita ao museu vale a deslocação.
Sem comentários:
Enviar um comentário