1.ª história.
Um homem e uma mulher tinham um cão. O cão estava velho e
doente. Eles procuraram de todas as formas oferecer um resto de vida digna ao
cão. O cão nunca mais morria. Morreu.
2.ª história.
Ofereceram uma gata persa ao mesmo casal da história
anterior. A gata estava grávida e teve três ou quatro gatinhos (a história
baralha-se algures). A gata é burra e não trata dos filhos. Os donos têm que
intervir e finalmente ela adopta-os. Felicidade.
3.ª história.
Enquanto os gatinhos crescem encontram uma vizinha que tinha
um cão velho como o que tinha sido deles. O cão foge e depois é encontrado.
Depois morre. Conseguem dar um dos gatinhos, mas resolvem ficar com os outros
dois mais a mãe.
4.ª história.
A sobrinha da mulher, com doze anos, apareceu lá em casa,
porque a mãe, viúva, resolveu casar de novo. Durante dois meses a miúda fica lá
em casa e o tio joga basebol com ela. No fim ela regressa a casa, a mãe casa-se
e o padrasto joga basebol com ela.
5.ª história.
Dois amigos subiram ao Evereste. Tomaram um ácido qualquer
(ou foi do ar rarefeito) e viram um tigre a 6000 metros de altura. Não
conseguiram chegar ao topo e um deles morreu. O sobrevivente regressou,
casou-se e teve um filho. A pedrada do alpinismo não lhe tinha passado e ele
gastou o dinheiro todo da família para regressar aos Himalaias. Conseguiu
chegar ao topo da montanha com um sherpa, voltou a ver o tigre e despediu-se do
amigo.
.
Nem todas as histórias têm de ser grande histórias e algumas
das melhores histórias da literatura (ou do cinema, ou da banda desenhada) são
pequenas histórias de felicidade ou de tristeza do dia a dia, e o que o Jira
Taniguchi escolheu contar cinco histórias banais. Mas quantas vezes pequenas
histórias do quotidiano se tornaram grandes histórias pela arte do narrador? –
Não é o caso. O estilo manga – aqueles rostos e aqueles olhos esbugalhados sempre
iguais -, do autor, excessivamente realista e simples, não introduz qualquer
dramatismo, ou sequer interesse, à história.
Terra de Sonhos, Jiro Taniguchi, Novela Gráfica II, Público/ Levoir 2016
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