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domingo, 1 de dezembro de 2024

50 anos d'A Ideia

 A Ideia faz 50 anos e a efeméride é celebrada na Biblioteca Nacional com uma exposição que está patente ao público até 14 de Dezembro. 

Esse dia último dia, sábado 14 de Dezembro (15.30) é também o dia do lançamento do último número de A Ideia, que terá a apresentação do director, António Cândido Franco.


« A Ideia, então «órgão anarquista específico de expressão portuguesa», foi fundada por João Freire em Paris em abril de 1974. Era, de certa maneira, uma herança do espírito de “Maio de 68” que se queria fazer alargar, também em língua portuguesa. Assim, esteve no cerne da realização, em julho de 1974, de um grande comício anarquista internacional, que encheu a ‘Voz do Operário‘ de Lisboa. A partir de 1975 a revista prosseguiu a sua existência já em Portugal, procurando compatibilizar a herança dos antigos anarquistas sindicalistas do tempo da República e da Ditadura que animavam os jornais A Batalha ou Voz Anarquista com as atitudes contestatárias da juventude escolarizada de então.

Na década de 80, considerando estabilizada a democracia em Portugal, A Ideia evoluiu no essencial das suas mensagens, estimulando a legitimação dos então chamados “novos movimentos sociais” (sobretudo o feminismo, a ecologia e o pacifismo) ao mesmo  tempo que, contando com novos colaboradores como Miguel Serras Pereira e Vasco Rosa, deixou o anterior carácter gráfico artesanal-militante e assumiu-se efetivamente como uma «revista de cultura e pensamento anarquista», alargando muito o leque de autores que nela participavam, incluindo na área pictórica.

Depois de uma década muita discreta, a revista ressurge com o século XXI como “revista libertária”, de novo pela mão de João Freire; e foram elementos seus que entre 2010 e 2012 desenvolveram o projeto ‘Movimento social crítico e alternativo’ (MOSCA) financiado pela FCT. Em 2013 assumiu a sua direção o já antigo colaborador António Cândido Franco que lhe imprimiu uma dinâmica muito nova, como «revista de cultura libertária» e com o seu conteúdo a corresponder a tal programa editorial, com especial destaque para os temas e autores surrealistas, tanto na escrita como nas imagens, mas sem minimamente renegar a sua trajetória anterior.»


Exposição até 14 de Dezembro de 2024 

Lançamento do n.º 104/105/106, 14 de Dezembro, 15.30 

Biblioteca Nacional


domingo, 30 de março de 2014

O Surrealismo n'A Ideia



O meu amigo Rui Martinho fez-me chegar o último número (duplo, 71/72) de A Ideia, «revista de cultura libertária».

Prestes a comemorar quarenta anos de (conturbada) vida, o número, grosso, é inteiramente dedicado ao surrealismo: textos de cinco dezenas de pensadores, surrealistas ou nem tanto, entre histórias, ensaios e contributos diversos.


 Textos de valor diferente, inevitavelmente, entre o «conheci o X, era um gajo porreiro», alguns ensaios sobre a pertinência de incluir Y entre os surrealistas, histórias onde se cruza o grande cisma do Café Gelo com as impertinências do Pacheco, alguns equívocos do tipo «o surrealismo é uma forma de humor», ou a interrogação do lugar dos surrealistas entre os movimentos políticos e sociais, ou enfim alguns poemas; constituem uma preciosa reunião de registos destinados a memória futura da História do Surrealismo em Portugal, a fazer.
Fala-se de Cruzeiro Seixas, Herberto Hélder, Mário Botas, Mário Cesariny, Lima de Freitas, António Maria Lisboa, Mário Henrique Leiria, Luiz Pacheco, Ernesto Sampaio, Carlos Eurico da Costa, António Telmo, António José Forte, Virgílio Martinho, Al Berto, e inúmeros outros, entre referências fugazes e recordações, surrealistas, vagabundos das letras e das artes plásticas, também os penduras e os diletantes, toda a qualidade de artistas, filósofos, pensadores, surrealistas, neo-realistas e outros.

Registo precioso, como disse, peca pelo excesso do panegírico e falta-lhe o pico a azedo da neura, da maledicência e da crítica, que afinal sempre temperou a História do Surrealismo em Portugal.

O surrealismo merecia mais um número ou dois. Afinal o surrealismo é uma forma saudável de vida.

Direcção e edição de António Cândido Franco.

A Ideia, 71-72, Novembro 2013