O balanço de 2023 ainda está por fazer, mas este foi o ano em que o Hot Club fechou (e não se sabe quando reabrirá), o ano em que José Duarte morreu, mas também Philippe Carles e Avelino Tavares, o grande Wayne Shorter, Carla Bley, Ahmad Jamal e Tony Bennet, entre outros, e acabamos de saber que nos deixou também o baterista Tony Oxley.
Mas as notícias no Jazz são irrelevantes quando olhamos as capas dos jornais ou ligamos a televisão: a acrescentar às ditaduras, muitas vezes alimentadas pelos interesses económicos do ocidente civilizado, à fome e à miséria de milhares de milhões e à riqueza pornográfica de outros poucos provocadas pelo liberalismo à solta, e às guerras que se perpetuam, na Ucrânia ou noutros lados do mundo, e enfim a destruição do planeta pela lógica do lucro, onde o ambiente só é importante se for rentável; o Outubro teve um ataque terrorista em Israel e, na sequência, o massacre indiscriminado de civis, homens mulheres e crianças, na Palestina, pelas mãos do governo fascista de Israel. Com a nossa complacência.
Não quero alongar-me: o terrorismo não tem justificação e não tem a minha. Mas o terrorismo do Estado de Israel começou há muitos anos, e é sistemático, e é Israel que fomenta o terrorismo, e este é só mais um episódio do longo processo de extermínio deliberado do povo palestino. Nada justifica o genocídio, nada justifica o apartheid, nada justifica o massacre de inocentes. Israel tem as mãos sujas de sangue e o Ocidente também; a Europa e os Estados Unidos em primeiro lugar, pelo alheamento, quando não pelo apoio. Os palestinianos não mereciam o genocídio, os judeus não mereciam estes crimes que os perseguirão para sempre, a civilização não precisava de nada disto.
Alguém falou em barbárie? - pois ela está aí, na Palestina. A esta hora que escrevo, mais umas centenas ou milhares de crianças e homens e mulheres inocentes estarão a ser bombardeados, a morrer pelas balas, pela fome ou pelas doenças que a guerra provocou: é a maldade humana para além do imaginável! E o silêncio do nosso governo, dos governos da UE e da UE, e dos EUA e de todo o mundo, é ensurdecedor.
Que o massacre de inocentes termine, são os meus urgentes desejos para o 2024. Mesmo se não creia que a guerra vá parar.
E perdoem-me o desabafo. Que tenham um bom ano, melhor que o 2023. Com muito Jazz. E que a música possa unir os povos. Ou como diria John Lennon: All we are saying is give peace a chance