terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Pannonica

 




A história da Baronesa Kathleen Annie Pannonica de Koenigswarter (nascida Rothschild) e a sua relação com o Jazz é conhecida. Foi em casa dela que Charlie Parker morreu e foi a casa dela que a mulher de Thelonious Monk foi levar o pianista quando a sua vida em família se tornou insuportável, e o número de músicos que por sua casa passaram é infindo. A história e as histórias da Baronesa, a protectora dos músicos de Jazz, tornaram-na lendária. 

Assolado pela demência e pelas drogas, Monk encontrou em casa da Baronesa o carinho que a vida lhe negava, e ele dedicou-lhe duas composições que se tornaram standards do Jazz: «Pannonica» e «Ba-Lue Bolivar Ba-Lues-Are» (este último refere-se a um dos hotéis nova-iorquinos onde Nica viveu por largos anos, o Bolivar); mas outros músicos eternizaram o nome da Baronesa da forma que sabiam: Horace Silver escreveu «Nica’s Dream», Gigi Gryce «Nica’s Tempo», Freddie Redd «Nica Steps Out», Sonny Clark escreveu «Nica» e Kenny Drew’s escreveu «Blues for Nica».

A relação de Pannonica com o Jazz é pois conhecida, mas muitos ignorarão que essa paixão remonta à sua juventude, nos anos 30, e ela se cruzou com Django Reinhardt e outros músicos ainda antes da guerra, em França, ou que se recusou relegar-se ao «papel das mulheres» como a sociedade e o marido lhe exigiam, e participou na II Guerra Mundial activamente, no norte de África, contra o nazismo.   

A vida da Baronesa do Jazz é contada na «novela gráfica» de editada em 2020 e é uma magnífica homenagem a uma mulher singular.  

A edição que eu tenho é a terceira, de 2022, na língua francesa original, 160 pgs, e foi-me oferecida pelo meu amigo João Pedro (um grande abraço, João Pedro!). Pode ser que tenham a sorte de vos calhar um exemplar no sapatinho. Candidatem-se.

La Baronne du Jazz, Stéphane Tamaillon e Priscilla Horviller, Steinkis, 2020

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