A história da Baronesa Kathleen Annie Pannonica de Koenigswarter (nascida Rothschild) e a sua relação com o Jazz é conhecida. Foi em casa dela que Charlie Parker morreu e foi a casa dela que a mulher de Thelonious Monk foi levar o pianista quando a sua vida em família se tornou insuportável, e o número de músicos que por sua casa passaram é infindo. A história e as histórias da Baronesa, a protectora dos músicos de Jazz, tornaram-na lendária.
Assolado pela demência e pelas drogas, Monk encontrou em
casa da Baronesa o carinho que a vida lhe negava, e ele dedicou-lhe duas composições
que se tornaram standards do Jazz: «Pannonica» e «Ba-Lue Bolivar Ba-Lues-Are»
(este último refere-se a um dos hotéis nova-iorquinos onde Nica viveu por
largos anos, o Bolivar); mas outros músicos eternizaram o nome da Baronesa da
forma que sabiam: Horace Silver escreveu «Nica’s Dream», Gigi Gryce «Nica’s
Tempo», Freddie Redd «Nica Steps Out», Sonny Clark escreveu «Nica» e Kenny Drew’s
escreveu «Blues for Nica».
A relação de Pannonica com o Jazz é pois conhecida, mas muitos
ignorarão que essa paixão remonta à sua juventude, nos anos 30, e ela se cruzou
com Django Reinhardt e outros músicos ainda antes da guerra, em França, ou que se
recusou relegar-se ao «papel das mulheres» como a sociedade e o marido lhe
exigiam, e participou na II Guerra Mundial activamente, no norte de África, contra
o nazismo.
A vida da Baronesa do Jazz é contada na «novela gráfica» de editada
em 2020 e é uma magnífica homenagem a uma mulher singular.
A edição que eu tenho é a terceira, de 2022, na língua francesa
original, 160 pgs, e foi-me oferecida pelo meu amigo João Pedro (um grande
abraço, João Pedro!). Pode ser que tenham a sorte de vos calhar um exemplar no
sapatinho. Candidatem-se.
La Baronne du Jazz, Stéphane Tamaillon e Priscilla Horviller,
Steinkis, 2020
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