Conheci as pranchas de Wolinski em 1970, no Charlie
Mensuel com a escandalosa Paulette (desenhada em colaboração com Pichard), e Cabu, por essa altura também, com Le
Grand Duduche, o adolescente magrizela, anti-militarista e contestatário. Soube
anos mais tarde que Cabu era amante de Jazz; fez capas de discos e as suas
ilustrações e cartoons estão espalhados por um sem número de publicações.
Ao longo dos anos adquiri ocasionalmente o Charlie Hebdo
onde conheci também Charb e Tignous, embora a particularidade da situação
política e social francesa (e o calão) me dificultasse a percepção do seu humor.
A minha admiração por estes autores, pelo seu humor
acintoso e pela sua irreverência, pela liberdade como forma de vida vem desse
tempo até hoje. O meu adeus sentido a Wolinski, Cabu, Charb e Tignous.
A estupidez e a cobardia dos
fanáticos é incompreensível para os democratas, as pessoas livres e sãs de
espírito, e não tenho dúvidas que este crime apenas servirá os propósitos de outros
fanáticos. Os fanáticos religiosos, os racistas, os idiotas, os fascistas, a
direita mais conservadora está já à espreita, e é ver como os censores (até o
gajo que proibiu o Pato com Laranja!!!) se apressaram a condenar o atentado e
as bandeiras dos fascistas se viram nas ruas de Paris.
É preciso que os defensores da liberdade não claudiquem.
É preciso que o Charlie não desapareça. Porque nós somos todos
Charlie.
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