domingo, 3 de dezembro de 2023

A Dona Giorgia

 

Eu até nem queria voltar a este assunto da religião. Mas aconteceu que me enviaram um vídeo da Sra. Primeiro Ministro da Itália, em que ela apela a que se volte a fazer o presépio (creio que em vez da árvore de natal), em nome dos nossos valores e da nossa religião. Nada que não se tenha visto por cá, é claro.

E realmente não deixa de ser curioso. Ela talvez até que tenha razão, sei lá. Mas acho que ela deveria ter cuidado. Porque (e agora aqui vai um insulto misógino: preparem-se) de acordo com os valores dessa civilização que ela evoca, a senhora deveria estar a cozer meias e não a dar bitaites sobre política ou cultura, que é coisa de homens. Porque nessa cultura ela é uma coisa sem coração nem inteligência, mas apenas uma excrescência de uma costela. 

Que a Dona Maria tenha inventado aquela para o marido de que tinha sido fecundada por deus (e que ele tenha engolido), vá que não vá, nós até entendemos. Agora dois mil anos depois pôr-nos a fazer presépios… nossa senhora!!!!

Ó Dona Giorgia, deixe-me dizer-lhe umas coisas: foi porque as mulheres e os homens contestaram essas tretas que nós hoje somos civilizados. Foi porque Galileu questionou essa cultura e religião que a senhora invoca que nós hoje sabemos que a Terra não é o centro do Universo. A nossa civilização está marcada pela religião, mas pela negativa. A nossa civilização foi construída contra e apesar dessa cultura anacrónica, insciente, retrógrada, serôdia.

Não me lixe, Dona Giorgia. Vá cozer meias.


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