domingo, 4 de maio de 2014

Pobres de espírito com tempo de antena



No decorrer do concurso  Quem quer ser milionário? (RTP1), Manuela Moura Guedes (MMG) teceu alguns comentários a propósito da adaptação de obras literárias pelo cinema:
 “… os realizadores portugueses gostam muito de fazer adaptações livres de coisas que não deviam fazer, de coisa nenhuma, pois as obras já são em si obras de autores tão ricos”.
“Eles resolvem ter uma visão deles próprios. Seria melhor, então, fazerem eles uma obra. Não acha? Agora acho que vai haver uma visão sobre “Os Maias”, está a ver o terror que vai ser? Uma visão de um realizador? O problema é que depois têm subsídios para isto, é extraordinário”!!!
Não se trata apenas de parvoíce de desbocada, que proibiria, por exemplo, a Manuela Moura Guedes cantora, de interpretar canções escritas por outros, mas de colocar pessoas ignorantes a fazer papel de cultos.
MMG fará ideia de quantos romances foram transpostos por Hollywood para o cinema? Picasso deveria ter ouvido MMG antes de pintar sobre as meninas de Velásquez; Gil Evans e Miles Davis deveriam ter pensado duas vezes antes de ousar tocar o concerto de Aranjuez; ninguém está autorizado a cantar Beatles!; não acha? 

O atribuir protagonismo mediático a pessoas vulgares, leva-as a convencer-se que sabem falar de tudo e mais alguma coisa, de política a cultura. E felizes os pobres de espírito, porque deles será o reino dos céus! O problema é que somos nós a pagar!!!
Manuela Moura Guedes não é uma pessoa informada, não é uma pessoa culta, mas apenas uma tontinha – paga a peso de ouro – a quem deram tempo de antena. Sugiro-lhe que deixe de ir ao cinema e que se atenha ao ponto. E esperemos que os produtores do programa não voltem a enganar-se no estilo.

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