sexta-feira, 23 de maio de 2014

As pessoas e o país

«A vida das pessoas não está melhor …»


3 anos de governo PSD/CDS:

  • 340.000 desempregados – 45% jovens desempregados
  • 300.000 emigrantes
  • Dívida 90% PIB -» 130% PIB
  • Colossal aumento de impostos (directos e indirectos, IVA, IRS, IRC, IMI, IUC…) que levou milhares de famílias e empresas à falência
  • Falências duplicaram
  • O investimento na educação pública caiu em flecha enquanto o governo financia o ensino privado
  • O investimento na saúde e na protecção da saúde caiu em flecha, representando uma das grandes «poupanças» do estado
  • Uma parte substancial do financiamento do Sistema Nacional de Saúde foi desviado para os hospitais privados
  • Mais de metade dos desempregados subsiste sem qualquer apoio social
  • O investimento na investigação e no ensino superior caiu para metade
  • Os transportes públicos, a electricidade e o gás, subiram mais de 30%
  • Os gastos do estado com a cultura caíram para valores de antes do 25 de Abril
  • 1 em cada 4 portugueses é hoje pobre...
 
«… mas a do País está muito melhor»


3 anos de governo PSD/CDS:
  • A fortuna de Belmiro de Azevedo, Amorim e os restantes dos 0,001% dos portugueses ricos disparou  
  • Os bancos (que provocaram a crise nacional e internacional) capitalizaram-se (à nossa custa) e desfizeram-se dos «activos tóxicos» que a desregulação do mercado financeiro lhes tinha permitido
  • A reforma do Estado resumiu-se à saída de dezenas de milhares de funcionários públicos, que lançou os serviços públicos num caos,
  • à contratação de milhares de boys do PSD/CDS pagos a peso de ouro
  • à venda ao desbarato dos equipamentos do estado,
  • à (colossal) contratação de serviços de outsourcing
  • à privatização de sectores fundamentais do Estado

«A vida das pessoas não está melhor, mas a do País está muito melhor», Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD.




Não fiques em casa: Vota na esquerda!

A epifania do poejo


Como não sou alentejano (e cresci na cidade), o meu conhecimento da gastronomia alentejana tem-se feito de forma irregular, ao longo dos anos. Comida pobre, ou melhor, comida de pobre, ela é rica em diversidade: a excelente carne de porco autóctone – e tudo se come no porco entre o rabo e o focinho – alimentado a bolota e restos, temperada com as mais variadas ervas, os enchidos, o pão – e as açordas - e o queijo, o vinho, pois claro, até o peixe e os ovos, mas também as ervas «menores», as beldroegas, os cardos e os espargos, têm vindo a ganhar lugar na minha ementa, obrigando-me a desvios de quilómetros, que em boa verdade faço com gosto.   

A minha última epifania aconteceu com o poejo, há uns três anos.
Tinha um vago conhecimento do poejo, que resultava do licor que tinha provado numa feira. Mas faz-se licor de tudo e eu não sou um grande aficionado dos ditos, e tive más experiências no passado. Fico-me pela ginja, que ocasionalmente também experimento fazer. Mas regressando aos poejos, a minha ignorância era quase total: era uma erva que havia no Alentejo e no Algarve.

Andava eu um feriado passeando com a família pelo Alentejo quando se fez tarde para almoçar. Por qualquer razão (por ser feriado talvez), os restaurantes que procurei na zona estavam todos fechados. Achegava-me a Évora, já desesperado, quando passei por uma terriola de nome curioso, Azaruja (que é o que eu chamo a determinados indivíduos), onde ao perguntar por um restaurante me indicaram o Bolas, mesmo ao lado da praça de toiros.

Aquilo não tem grande aparência por fora, e noutra ocasião talvez eu tivesse passado. Mas a fome apertava e eu parei o carro para ver se ainda serviam.

Apenas trespassei a porta e levei um murro na cara: um cheiro intenso acre no ar pôs-me salivar imediatamente. Dirigi-me a um senhor que me pareceu ser o dono e perguntei-lhe ao que cheirava. Respondeu-me bonacheirão o Sr. Manuel (Bolas) que talvez fosse a sopa de poejos.

Pois veio a sopa de poejos com ovos e migas de espargos com carne de porco e não sei o
que estava melhor. E não mais esqueci. Voltei ao Bolas no ano passado e – mesmo se a experiência, do ponto de vista gastronómico, não se revelou tão singular (por culpa minha, reconheço, que lá cheguei num dia de semana já às três da tarde) – confirmei a excelência da cozinha do Bolas. Apenas aconselharia os interessados que ligassem previamente a reservar mesa e prato e sobretudo que chegassem a horas para almoçar.

Não é fácil encontrar poejos em Lisboa. Ora há um mês atrás andava eu pelo mercado de Vila Real de Santo António quando senti um cheiro no ar que se sobrepunha ao cheiro do peixe! que nem a minha sinusite crónica me impediu de reconhecer: havia poejos frescos!

Com o molho que comprei, experimentei fazer a minha primeira sopa de poejos. Socorri-me da internet e fiz uma sopa em tudo semelhante à sopa alentejana de coentros. A experiência, mesmo se agradável, esteve longe da sopa do Bolas. Talvez tenha deixado fritar demais a gordura do toucinho de porco preto com que iniciei a sopa, e o travo um pouco esturricado do - ainda que saboroso - toucinho intrometeu-se no sabor do poejo.

Encontrei poejos na semana passada em Lisboa, a preço gourmet, e desta vez quase dispensei a gordura do toucinho, mas introduzi outro elemento: o bacalhau.

Depois de fritar um pouco os alhos e os poejos esborrachados no almofariz, juntei-lhe uma posta de bacalhau desfiado com a sua água da cozedura. Depois de ferver, acrescentei os ovos para escalfar e pronto. Umas fatias de pão alentejano no fundo do prato e oh senhores!, que manjar! 
Simples e divinal!

Restaurante O Bolas, Azaruja

quinta-feira, 22 de maio de 2014

da importância das pessoas




«A vida das pessoas não está melhor mas a do País está muito melhor», Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD.



«As pessoas são tão importantes quanto as mercadorias e os capitais», Jean Claude Juncker, candidato do PPE à presidência da Comissão Europeia.

Não são gralhas! Estes tipos pensam assim e governam-nos como coisas!



 
Vota na esquerda!


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Melhor do que Falecer



Nem todos os episódios têm o mesmo nível, é claro. Mas o Melhor do que Falecer são cinco minutos do melhor humor que se faz em Portugal. É o regresso do nonsense d'O Gato Fedorento nos seus tempos aureos.
Vejam, por exemplo, o episódio 16: a «doença da fala inteligente» e o rancho folclórico que se inspirava em Schopenhauer e Sócrates, são dois sketches impagáveis.
Com o Herman há muito atacado de sonambulismo escorregadio, resta-nos o humor inteligente do Ricardo Araújo Pereira
E só mesmo o RAP me faria sintonizar a TVI...


Ricardo Araújo Pereira, TVI,
Melhor do que Falecer

domingo, 4 de maio de 2014

Pobres de espírito com tempo de antena



No decorrer do concurso  Quem quer ser milionário? (RTP1), Manuela Moura Guedes (MMG) teceu alguns comentários a propósito da adaptação de obras literárias pelo cinema:
 “… os realizadores portugueses gostam muito de fazer adaptações livres de coisas que não deviam fazer, de coisa nenhuma, pois as obras já são em si obras de autores tão ricos”.
“Eles resolvem ter uma visão deles próprios. Seria melhor, então, fazerem eles uma obra. Não acha? Agora acho que vai haver uma visão sobre “Os Maias”, está a ver o terror que vai ser? Uma visão de um realizador? O problema é que depois têm subsídios para isto, é extraordinário”!!!
Não se trata apenas de parvoíce de desbocada, que proibiria, por exemplo, a Manuela Moura Guedes cantora, de interpretar canções escritas por outros, mas de colocar pessoas ignorantes a fazer papel de cultos.
MMG fará ideia de quantos romances foram transpostos por Hollywood para o cinema? Picasso deveria ter ouvido MMG antes de pintar sobre as meninas de Velásquez; Gil Evans e Miles Davis deveriam ter pensado duas vezes antes de ousar tocar o concerto de Aranjuez; ninguém está autorizado a cantar Beatles!; não acha? 

O atribuir protagonismo mediático a pessoas vulgares, leva-as a convencer-se que sabem falar de tudo e mais alguma coisa, de política a cultura. E felizes os pobres de espírito, porque deles será o reino dos céus! O problema é que somos nós a pagar!!!
Manuela Moura Guedes não é uma pessoa informada, não é uma pessoa culta, mas apenas uma tontinha – paga a peso de ouro – a quem deram tempo de antena. Sugiro-lhe que deixe de ir ao cinema e que se atenha ao ponto. E esperemos que os produtores do programa não voltem a enganar-se no estilo.