Lágrimas e Suspiros foi o primeiro filme que vi do Ingmar Bergman, há muitos anos, na sala do Apolo 70. O vermelho a encher a tela marcou-me a memória para sempre, e fez de Bergman um dos meus realizadores de eleição, desde logo ali.
Revi o Lágrimas e Suspiros agora, no ciclo do Nimas, e confirmei
a minha nomeação:
Lágrimas e Suspiros é um filme enorme, só suplantado (em Bergman) por Persona.
Lágrimas e Suspiros é um filme enorme, só suplantado (em Bergman) por Persona.
A história das quatro mulheres – três irmãs e uma criada (magnífica
a representação de Harriet
Andersson, Kari Sylwan, Ingrid Thulin e Liv Ullmann) – reunidas numa
casa, enquanto uma delas se esvai atormentada pela doença: a verdade para além das aparências, quatro mulheres em
conflito, quatro personalidades e momentos dissecados ao osso.
Lágrimas e Suspiros não é apenas um «drama psicológico» ou «uma reflexão sobre a morte», como li, mas também um exercício estético - de cinema - singular: os vermelhos e brancos em contraste e a morte e a ressurreição de Agnès ficariam para a História do Cinema.
Lágrimas e Suspiros não é apenas um «drama psicológico» ou «uma reflexão sobre a morte», como li, mas também um exercício estético - de cinema - singular: os vermelhos e brancos em contraste e a morte e a ressurreição de Agnès ficariam para a História do Cinema.
Como escrevi para Persona: trata-se de cinema como forma de
arte autónoma como poucos realizadores ousaram. Trata-se do Grande Cinema,
pelas mãos de um cineasta genial.
Lamentavelmente a cópia que passou no Nimas acusa a degradação
do tempo: os vermelhos são quase laranjas e a imagem parece por vezes
desfazer-se.
Assim não.
Lágrimas e Suspiros, Ingmar Bergman, 1972